No percurso de 2010, neguin acessava o my space do FP_CMDO_Guatemala e via lá: “Gravando-ES/Brazil”. Isso até bem pouco tempo atrás. Daqui a pouco mermão: chega assim, na mulera, o link via facebook, do registro Fepaschoal e Comando Guatemala. Pra fulano que se amarra no som, bolação geral! Pra começar a assimilar algo? Pelo menos umas três camadas de audição: arranjos, composições, letras, gravação, volume, na medida.O batidão é bruto, eclodindo toda veia criativa do núcleo/movimento cultural Expurgação.
Mr. Boi batera (que também assina a arte visual do álbum), Arthur Navarro no baixo e efeitos, Alexandre Barcelos ("cabriocoreman" ) guitarras, e Fepaschoal em suas composições e toques de arranjos, além de mandar seus riffs nas guitarras, sopros no didjeridu, acordes no cavaco em “Corda embolada” pra lá de Cartola, vale a pena conferir.
Além, é claro, de participações da fina estampa de jovens músicos e cantoras que assumem o coral e o homem do saxofone que quando chega em “Guapa chica”, “escucha a Guapa Chica mia... para bailar....”, explode a ambientação sonora com o sax que chega tomando a guia da faixa, se avolumando sobre os arranjos da banda. Em “Império do Empírico” então, a batida tribal dinamitando colada com a tensão do saxofone somando de bônus o refrão: “Que ele está acima, acima/ Ah! Se isso matasse! Ah se isso matasse!/ Que ele está acima, acima/ Ah! Se isso matasse! Ah se isso matasse!”, com o coral realmente em cima! Segundo o próprio Fepas, a canção "Império do Empírico" é uma espécie de "SoulPowerAxéprafrentehc, como me disse um amigo."
Na vero, simplesmente Shutê Geral o disco!! A experimentação sonora levada às graças do público através de parceria com a Jurássica Laja Records, “figura rítmica e política na era atômica”: Mozine, Moz, isso mesmo, o cara do conceito “faixa a faixa”, dando a pilha pra Fepilha pra mandar um poca pala sobre cada faixa do álbum em virtude do lançamento no portal Trama, com foto de Chico W. Laja Records e Comando Kalakuta na conexão vibesambanoisecorenóia. Parceragem que se consuma na faixa “Planador”: vai lá Moz em seus ruídos vocais fazer um barulho com o coletivo Comando Guatemala segurando a batida seguida de um arranjo de cavaquinho, e que acabam de nos oferecer, como um todo, uma grande zonzera lex brute!
Em uma tiragem de 1000 cópias, FePaschoal e Comando Guatemala barbarizô geral! Quanto às referências que poderíamos aqui, somente a título de associação de ideias por meio do entendimento, sobretudo para instigar o ouvinte da boa música, o CD em questão arrisca alto na estética da música “sem firula”, com um álbum que chega na medida da articulação bruta: qualidade de composição e gravação, letras, swingada, batida, e é com grande ânimo que nos chega este lançamento.
Girando entre a autoria e referências misturadas na mente e nas mãos sobre instrumentos e equipamentos, durante anos ouvindo e tocando, a galera do Comando rebate e cola no pé do ouvido arranjos muito precisos: Calipso, Jazz, Afrobeat, Rock, Mambo, Samba, Funk, Drum’s and xote, soul, groove, Jorge Ben, Alceu Valença (da fase das músicas “Vou danado pra Catende”, “Planetário” ou "Espelho Cristalino" que até já foi tocada ao vivo), além de muita referência e apreço pelo mestre Féla Kuti, algo inconsciente de Nereu Samba Power, Trio Mocotó, Mundo Livre S/A e Nação Zumbi, Comando Kalakuta & sobretudo: Coletivo Expurgação.
A título de darmos nomes aos “bois”, poderíamos aqui sintetizar rapidamente, como destaques, as faixas “Guapa chica”, que abre o disco, “Império do empírico”, “Adão” e “Saci Solucion”, que encerra a peça. O que nos recua o ouvido neste registro, em algumas camadas de audição, nos leva para uma estética de linguagem que migra entre o concretismo e a fuleragem, o empirismo e o flerte da manguaça, colagens de palavras e poema Brasil, Manifesto da tensão e da pindaíba (“Sem dinheiro hoje e nem amanhã!” ouvimos em "Saci Solution") além de pitadas da estética do "fica atento que a corrida é ligeira."
E no som, as composições giram entre o samba & o noise, aquele frevo trava perna, ambientações sonoras com didjeridu e saxofone, juntamente com marcações de guitarra viscerais e sussegadas, sem firula, entre cordas de cavaquinho nem sempre tão “emboladas”, porém na medida, ecoando sopros graves com o didjeridu de pvc, bem como, naquela atmosfera sonora na base da marcada do triângulo acelerado e no equilíbrio circular do som, como é o caso da faixa “Carapaça”, além do batmacumba ligeiro na cadência do ritmo da capoeira de Angola na batera encontrado na faixa “Adão”. Pesado. Ecoando batidas de uma capoeira de Angola com refrão poema matemático redondo, iniciando a letra da canção "Adão" com expressões contíguas, palavras juntas sem conectivos: “Bate cabeça Adão/ cabeça bate mané/ bota cabeça no chão/ e troca ela com os pé/ Bate cabeça Adão/ cabeça bate mané/ bota cabeça no chão/ e troca ela com os pé”, com o coral de musas garantindo, Aline Hrasko na participação, sem imagem só no som, e segue o método da palavra contígua: “Sorri sorrindo Firula”, muito boa essa faixa! Tudo isso equilibrando a tensão e leveza do clima das ondas sonoras. O álbum certamente surpreende.
Finalizando bombê shutê geral, firulô num firulô é isso e ponto. Vale a pena conferir o coral, as participações e experimentações sonoras registradas neste visceral disco, que nos aparece como um movimento musical de grande importância criativa, estímulo e manifesto, misto de Olodum com Trio Mocotó com arranjos pra lá de Morphine no saxofone, e aquele batidão acompanhado por aquela guitarra wah wah percursiva, com suas oscilações de volume, efeitos e mixagens na medida, música dançante, registro autêntico: folia no pop space! Soulpower na escriba poca pala que o filho é do Comando Kalakuta. Se liga nesse som.
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