
quinta-feira, 24 de junho de 2010
domingo, 23 de maio de 2010
TECNOLOGIA & música pop: o novo em experimento
“Música eletrônica
figura rítmica
até política
na era atômica”
Kraftwerk
Sem dissimular a distância abismal e social existente entre as transformações tecnológicas ocorridas desde o início do século passado até os dias atuais e o acesso restrito a estas transformações, fechado em certa medida em certas condições econômicas para grande parte da humanidade no raio deste último século, vale ressaltar o quanto tais transformações afetaram o modo de vida do habitante urbano e a obra de arte moderna ocidental.
Neste sentido, cabe aqui não deixarmos no esquecimento, que aquilo que nomeamos enquanto tecnologia, de certo, que através de suas transformações bruscas, ocorridas principalmente a partir do início do século XIX, imprimiram historicamente novas formas de percepção sensorial. Deste modo, foi através da intermediação da ciência e da técnica que se abriu para o homem a possibilidade da criação da técnica cinematográfica, que se edifica desde o princípio formal do corte de imagens e sons, e assim sendo, faz-se possível desde a reprodução técnica. A percepção sensorial cinematográfica, se aproxima sobretudo, da percepção fragmentária daqueles que transitam na cidade contemporânea, ora distraidamente, ora tomados e atravessados por um súbito interesse extraordinário.
Tendo a dimensão de que a arte cinematográfica caminhou rumo ao aperfeiçoamento da utilização das técnicas audiovisuais, foi também por mediação da tecnologia que se abriu para o homem ocidental, principalmente a partir do final do século XX, a possibilidade de alterações abruptas no âmbito das técnicas de áudio. Neste sentido, foi através da ciência e da técnica que se abriram novas perspectivas de criação artística na esfera da música pop de vanguarda, através da utilização de equipamentos de gravação digital.
Tais transformações nas técnicas de áudio, ocorridas nas últimas décadas, tornaram possíveis historicamente, por exemplo, os trabalhos do Kraftwerk (Alemanha) e do Depeche Mode (Londres) nas décadas de 70 e 80 do século passado, respectivamente, ou mesmo de um Lee Scratch Perry, produtor, compositor e engenheiro de som jamaicano, um dos responsáveis por um dos mais bem sucedidos partos prematuros da música pop: o dub.
Retomemos a freqüência: De todo, cabe também ressaltar que tais transformações tecnológicas provocaram, em certa medida, a difusão em escala crescente da obra de arte que se edifica desde a reprodução técnica, através do que convém chamar de indústria cultural, de modo que se tornou mais importante a apropriação das transformações tecnológicas na forma artística do que o conteúdo daquilo que é criado junto com a intermediação da ciência e da técnica - basta ouvir as FM’s(!!).
Neste sentido, aproximar-se da criação de uma obra de arte “moderna”, significou em certa extensão, apropriar-se das possibilidades que a ciência e a técnica abriram para o homem, sem que se tenha a dimensão de como o envio através da tecnologia poderia estar situado. Dito de outro modo, confunde-se criação com utilização dos recursos que a ciência moderna dispõe. Neste horizonte, a reprodução técnica aparece aí tanto na forma de criação, como na distribuição da obra de arte através da nossa inescrupulosa e dissimulada indústria fonográfica.
Nesta direção, abre-se para o homem a perspectiva ou interesse, de criação na esfera da música através da mediação dos valiosos resultados da ciência e da técnica, uma vez que certos modos de se criar no âmbito da música pop só foram possíveis desde que foram abertas possibilidades de criação a partir do sampler, do corte de gravações em estúdio, e de equipamentos de gravação digital, possíveis a partir da alta tecnologia de codificação de áudio. É o que lemos no texto que abre o álbum Rádio S. AMB. A, da Nação Zumbi, nomeado Fome e Tecnologia, de Hermano Viana: “A combinação do sampler com o computador e com o equipamento de gravação digital (cada vez mais baratos), facilitou a pirataria entre os estilos do pop e suas simbioses com tradições de todas as culturas” .
Este tema em torno das relações entre ciência e arte, e por extensão, entre homem e ciência, encontramos também em uma canção que aparece no álbum Da lama ao caos. Trata-se da canção Computadores fazem arte, embora seja o texto de Fred Zero Quatro, que a imortalizou no álbum Guentando a ôia. Vale lembrar a billy vociferada guitarria de Zero Quatro, do Mundo Livre S/A:
“Computadores fazem arte
artistas fazem dinheiro
computadores avançam
artistas pegam carona
cientistas criam o novo,
artistas levam a fama”
Neste sentido, podemos concluir que as transformações tecnológicas na esfera das técnicas de áudio, impulsionadoras de transformações na esfera da própria história da música pop, ou da indústria cultural, de certo modo abriram horizonte para certas possibilidades de criação que somente podemos conceber, projetar, desde que vieram à tona tais mudanças técnicas, isto é, desde que sobrevieram historicamente.
Assim nos aponta indica Hermano Viana, freezando que a abertura de tais transformações técnicas promoveram não só uma intensidade maior da circulação da diversidade cultural e das mais diversas tradições regionais e culturais, através do formato MP3 por exemplo, bem como promoveram mutações na própria maneira de lhe dar e de se apropriar das tradições culturais, lançando para esta tensão entre tradição e modernidade certos saltos criativos que se aproximam ao mesmo tempo em que se distanciam da tradição.
Tomemos como exemplo as simbioses da Nação Zumbi que articulam em um mesmo plano a música eletrônica de um Kraftwerk com o canto martelado de um Caju e Castanha, ou mesmo os viscerais galopes de tambores de maracatu com guitarras ao modo Hendrix.
A respeito desta posição diante das tradições culturais, que indicam certa filiação histórica, territorial, e que articulam pontos de ligação entre o passado e o presente ao mesmo tempo em que promovem certa abertura para o novo, nos é de grande importância, a guisa de conclusão, nos lançarmos ao problema levantado por nomes como o sergipano DJ Dolores, que experimenta interseções entre o coco, maracatu e batidas eletrônicas, e que a respeito da bandeira do regionalismo polemiza: “Isso pode ser moeda forte com a globalização, mas sem essa de ‘preservar a cultura popular’. Quem disse que ela quer isso?”
Neste sentido, a noção de ‘preservar a cultura popular’ não pode ser tomada como uma via de mão única, ao passo que a extensão e continuidade de traços da tradição no percurso da história, passa sobretudo pela noção de que tais tradições precisam ser revigoradas justo através de mutações e maturações, que todavia lançam o novo a experimentos que ao mesmo tempo se jogam autonomamente para o autêntico e original e isto sem perder de vista certo enraizamento cultural.
Referências:
Walter Benjamin. A obra de arte na época de suas técnicas de reprodução
Hermano Viana. Fome e tecnologia. In: encarte do álbum RÁDIO S.AMB.A – Serviço ambulante de afrociberdelia. Nação Zumbi. Y Brasil Music?
Cidadão do mundo – DJ Dolores gasta agulha no exterior, por Diego Muniz. Revista Bizz. Outubro de 2006. Editora Abril.
sexta-feira, 23 de abril de 2010
Aristóteles e os começos do pensamento ocidental
A filosofia – amor amizade pelo conhecimento – ao começar não traz em si a noção de que se está começando algo filosófico. Os primeiros pensadores não se rotularam como filósofos, pois não possuíam o intuito de diferenciar-se dos demais habitantes da polis grega. Nesta direção, a idéia do surgimento dos primeiros filósofos vem por último. Ora, como assim? A partir de Aristóteles é que se concebe a idéia de que existiram os primeiros filósofos – logo, a filosofia primeira-, através de sua concepção de história da filosofia.
Daí compreende-se como necessário estabelecer o sentido de “primeiros filósofos”. De acordo com Aristóteles eles o são pelas suas abordagens, ou seja, devido às limitações de suas investigações, restringindo-as aos objetos físicos, que são aqueles encontrados na natureza e que possuem sua vida independente da ação humana. Diferentes dos objetos técnicos que são produzidos pelos seres humanos através de sua ação de criação.
O cuidado com a palavra residirá então no trato em relação aos diferentes significados da expressão “prótos”, que em grego significa primeiro. “Primeiro” pode significar o que antecede a tudo, ou então o que está adiante de tudo, isto é, o mais avançado. E também “primeiro” pode ter o significado de mais primitivo (bruto, rude, rudimentar, tosco). Assim, para se chegar à compreensão em Aristóteles “daqueles que primeiro filosofaram”, veremos o que é a filosofia segundo ele.
A filosofia para Aristóteles é o saber superior, mais livre e poderoso. Portanto é tarefa da filosofia emitir juízos que influenciem decisões em todos os campos da vida humana. E para se chegar a excelência de ser suprema, a filosofia tem como fundamentos e princípios as chamadas “primeiras causas”. E justo a partir destas “primeiras causas” que se constituem os fundamentos do conhecimento humano.
Além disso , será a partir também da compreensão destas “primeiras causas” que Aristóteles concebe a história da filosofia até ele – o filósofo mais filósofo segundo ele próprio. Ora, Aristóteles criou a concepção das “primeiras causas” primeiro e depois classificou os filósofos que o antecederam? Não. Ele buscou no pensadores que o antecederam os princípios para a concepção das causas primeiras. Que são quatro: 1) Causa material ( a mais simples); 2) Causa de movimento; 3) Causa formal; e 4) Causa final ( a mais elaborada). Assim, a estruturação das quatro causas se organiza da seguinte forma:
• Causa Material: que se constitui na matéria bruta com a qual irá se realizar determinado objeto.
• Causa de Movimento: que seria o trabalho exercido sobre esta determinada matéria.
• Causa Formal: esta irá se realizar a partir de uma idéia pré-estabelecida, tendo em vista como será a transformação desta determinada matéria, para que se obtenha a finalidade desejada em determinado objeto.
• Causa Final: realiza-se diante da finalidade ou objetivo da constituição deste objeto.
Exemplificando as causas primeiras a compreensão ficará mais clara. Um marceneiro ao fazer uma cadeira busca na madeira a matéria necessária para sua viabilização, esta seria a causa material. Ao exercer seu trabalho sobre a matéria – madeira – o marceneiro a transforma. Realiza-se a causa de movimento. A forma com a qual a cadeira irá ser construída, partirá de uma idéia prévia por quem a faz. Realiza-se a causa formal. E a partir da finalidade da cadeira servir para indivíduos sentarem-se constitui a causa final.
Por terem limitado suas investigações aos objetos físicos, os primeiros filósofos, de acordo com Aristóteles, teriam limitado também a investigação filosófica na causa mais simples, a causa material, e precisamente por isto, são vistos como “primeiros filósofos” no sentido de mais primitivos, dotados de uma compreensão inferior em relação a ele (Aristóteles), que teria chegado ao entendimento das quatro causas de formação dos objetos técnicos, aqueles que são transformados através da ação humana.
Sobretudo Aristóteles realiza uma inversão no pensamento grego acerca de “começo”, pois para o filósofo a compreensão de primeiro abriga-se no primitivo e imaturo, ao passo que no pensamento grego primeiro ganha o sentido de mais antigo e portanto mais elevado.
De acordo com Aristóteles o primeiro filósofo é Tales de Mileto, que afirmava que “A água é o princípio de todas as coisas”. Assim, expôs a filosofia primeira ou mais simples, encontrando abrigo na investigação da causa material quando da origem das coisas. Ora, porque então a filosofia mais simples? Pois Tales chegou à compreensão dos princípios de todas as coisas, sendo assim, é um filósofo. Viu na água – para Aristóteles o elemento mais simples visto que o fogo trata-se do elemento mais elevado -, o mais preciso princípio de origem das coisas, porém, limitando a sua investigação a uma causa material, por conseguinte, a causa mais simples, expondo assim uma compreensão primitiva das coisas, e nesta perspectiva Tales expôs uma filosofia menos perfeita, isto é, menos elaborada, na visão de Aristóteles.
Partindo da compreensão de Tales como primeiro filósofo na visão de Aristóteles, nota-se a importância da hierarquia em sua concepção de “começo”, de modo que esta hierarquia perpassa a compreensão das causas primeiras, sendo a causa material como a mais simples e a causa final como a mais elevada; a hierarquia dos elementos da natureza, tendo a água como o elemento mais simples e o fogo como o mais elevado,; e por fim a hierarquia que abrange sua concepção de história da filosofia, visto que Tales expôs a filosofia primeira no sentido de primitiva, pois estagnou sua compreensão na causa material, e Aristóteles teria elaborado a filosofia suprema, fundada na compreensão das quatro causas.
Portanto, justo na compreensão de tais hierarquias – das causas, dos elementos e dos filósofos – os fundamentos filosóficos quanto à compreensão das origens do pensamento ocidental se tornam inteligíveis, visto que estas três esferas, isto é, da compreensão das origens de todas as coisas, dos elementos da natureza e da história da filosofia estão, no sistema de Aristóteles, terminantemente ligadas.
Referência:
Bajonas Brito, "Os começos do pensamento Ocidental" (não publicado)
quinta-feira, 22 de abril de 2010
Zaiba O Tao o Mao e o Bad Remix Soul Power 2010
Zaiba Gravações 2009 Carapebus Serra Musicolagem mixagem matemática de tempos sobrefaixas de volume de imagens in matura por quase um ano e encerrada a produção em abril de 2010 com apoio do trio câmera 5 mega pixels computador e cabos caixas e microfones nunca mudos noise trilha eletrônica conceito articulações de frequências música experimental Espírito Santo Brasil
Zaiba Espírito Noise Mantra Vitor Hugo Zuzu João participa Esteban Viveros Soul Power Coletivo Zaiba
quarta-feira, 21 de abril de 2010
quarta-feira, 17 de março de 2010
Metafísica: noções gerais
Metafísica é uma palavra de origem grega. É o resultado da reunião de duas expressões, a saber, "meta" e "physis". Meta significa “além de”, e physis podemos traduzir por “natureza” . Metafísica significa então: Investigações além da natureza.
Para definir melhor metafísica vamos diferenciá-la das chamadas Ciências da Natureza. As ciências da natureza, como o próprio nome indica, se ocupa em investigar, determinar e examinar as propriedades daquilo que existe e se encontra na natureza, seja na forma de objetos, seja na forma de fenômenos. Entendemos por Ciências da Natureza a Física, a Química, a Biologia, Geografia (física) como principais.
A metafísica, além de Investigações da natureza, se interessa por temas, sobretudo que podemos indicar como situados no plano das idéias. Assim, são temas de metafísica:
• O conhecimento
• O modo como conhecemos
• O que é um conceito
• Como os sentidos (visão e audição, por exemplo) atuam em nosso processo de conhecer as coisas
• Como se forma a nossa imaginação
• O que é uma sensação
• A importância da memória e aprendizado em nosso acúmulo de experiência
• O que é uma intuição
• O que é o entendimento
• Como os afetos ou as emoções (em filosofia chamamos a isso "Phatos") podem ou não interferir em nossa busca por um conhecimento seguro
De todo, uma metafísica aborda temas que apenas podemos nos referir como situados no plano do pensamento, não encontrando na natureza nenhum objeto correspondente, ou você conhece algum objeto material como o nome de memória ou imaginação? Investigar a natureza, seus elementos e propriedades é tarefa das Ciências da Natureza.
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